domingo, 24 de julho de 2011

Marcha por Jesus vira palco de críticas ao STF e da defesa da implementação da fogueira elétrica no país.

do emissário local

Líderes evangélicos transformaram no dia 23 de junho a "Marcha por Jesus e pelo assassinato com requintes de crueldade para os Viados, Sapatões, Maconheiros, Putas, Vagabundos e demais sub-humamos que negam os ensinamentos de Jesus", em São Paulo, em palco para críticas ao Supremo Tribunal Federal e uma exibição de força política – coisa de homem macho, conforme gritava em coro a ala macho da marcha. Foi também o lançamento de um movimento em favor da pena de morte e da fogueira elétrica.

Os alvos principais foram as recentes decisões em que o STF reconheceu a união estável de casais homossexuais e liberou manifestações pela liberação da maconha.

O pastor Salis Malafiai, da “Assembleia de Deus Vitória Contra Cristo”, chegou a recomendar aos fiéis que não votem em políticos que sejam favoráveis à união gay: "O povo evangélico é curral eleitoral", disse, "se governador, prefeito ou presidente for contra a família, não terá nosso voto, nós não votamos em quem estimula a putaria e a degenerescência moral". Para Malafiai, o Supremo "rasgou a Constituição" ao permitir a união civil entre homossexuais: “eles não cumpriram os mandamentos de Deus, quem eles pensam que são? O que eles acham que a Constitução é? Acaso eles pensam que a Constituição pode estar acima da Bíblia, da palavra de Deus?”. O pastor negou que seja homofóbico ou preconceituoso: “porque gay não é gente para eu ter preconceito”.

No Congresso, 71 deputados e três senadores são ligados a igrejas evangélicas.

O apóstolo Stefan Ernandez, líder da “Renascer Contra Cristo” e principal organizador da Marcha, disse que a manifestação não tem caráter político: “a palavra de Deus não é política, é a verdade, ponto”.

Ele também se pronunciou contra as decisões do STF. "Enquanto a maconha não é liberada, é incoerente marchar por aquilo que não é legal: só se deve defender aquilo que as leis permitem", disse Ernandez.

Pastor da Igreja da Viá Láctea Universal do Reinado de Deus, o senador Marcelo Crivale criticou o "ativismo judicial" e mostrou o quanto está preparado para ser um senador da república ao dizer que "não é possível que seis iluminados se julguem capazes de decidir por 200 milhões, passando por cima da palavra de Deus". O STF é composto por 11 ministros. Ele também disse que o arquivamento da cartilha cria-gay foi uma mostra do poder divino sobre a presidenta Gilma, e que “Deus está atrasado ao não ter iluminado ainda o STF”.

O senador Mano Malte afirmou que os evangélicos esperam respeito dos homossexuais: “Eles devem se converter e abandonar o homossexualismo, que é satânico”, e conclusiu: "o verdadeiro Supremo é Deus", sendo ovacionado pela multidão em êxtase.

A marcha atraiu uma multidão de fiéis que seguiu sete trios elétricos e percorreu 4 quilômetros do centro de São Paulo até a zona norte. A manifestação é realizada todo ano na cidade desde 1993.

"Meu Deus é dono do ouro e da prata. Enquanto meu Deus age, ninguém pode impedir", disse a bispa da Renascer Sônia Ernandez, famosa por sonegar milhões e milhões de dólares, no Brasil e no exterior, no alto de um trio elétrico, e dando a dica de investimentos aos fiéis. Ela afirmou que continua amiga do jogador de futebol Kaká, que era o principal garoto-propaganda da igreja até romper com ela em 2010, ao se negar a doar US$ 120 milhões para a novo clube de campo dos bispos da igreja.


Para Bispo, guerra civil é iminente.

“Pegaremos em armas e não tememos uma guerra civil para fazer valer nosso direito. Deus está ao nosso lado”, a frase do senador Marcelo Crivale pode parecer exagerada, mas os ânimos acirrados dos últimos tempos autorizam a imaginar que o outrora tão pacífico servo de Deus e pastor dos homens, nunca disposto a sujar suas mãos, sempre delegando tarefas aos obreiros, contabilistas, laranjas, jagunços e afins, esteja realmente falando sério.

Com a autorização do casamento dos viados pelo STF e a ameaça da cartilha cria-gay - que segundo um assessor da presidência da República, não foi por pressão que ela voltou pro armário, mas porque a presidenta Gilma achou que aquilo era muita "viadagem" -, o Brasil se viu em uma polarização poucas vezes vista desde a Redentora: de um lado os homens de bem: padres, pastores e pessoas religiosas, temente de Deus – cristãos-evangélicos principalmente –, apresentadores de tevê, Gavião Bueno, Hebe Comadre, dirigentes, torcidas e jogadores de futebol, políticos de diversos partidos, grupos neonazistas, psicólogos, pedagogos, juízes do porte do Manoel Maximiliano Tranqueira Filho, pais preocupados com o futuro dos seus filhos e intelectuais preocupados com o futuro da nação; do outro, gays, bichas, viados, sapatonas, travecos, maconheiros, ateus, vagabundos, Toninho Cereser, estilistas (seres sub-humanos, em suma), Organização dos Advogados Brasileiros (representando a elite corrupta do país), uma série de entidades de direitos civis (guarda-chuva para maricas enrustidos), e a Unesco – em nome do imperialismo internacional que a esquerda tanto critica quando lhe convém.

Até mesmo Marina Selva, que praticamente não se manifestou sobre o código Florestal, foi muito ativa  na articulação contra a cartilha cria-gay. Sobre o casamento de viados, que não teve como organizar uma reação, ela foi taxativa: "é uma afronta aos direitos do homem". Ela acredita que o Brasil está sendo desvirtuado por ter uma mulher sem um marido na presidência.

Para o Bispo Marcelo Crivale - que não gosta de ser chamado de bispo porque isso pode fazer os seus eleitores lembrarem que ele não paga impostos por sua condição de religioso - os sub-humanos estão levando o Brasil para um estado tal de degenerescência moral que só mesmo um banho de sangue para redimir o país. Ele, porém, diz estar se esforçando ao máximo para que isso aconteça, mas não vê colaboração do congresso, da sociedade civil ou do STF: “já propus uma emenda constitucional em que [sic] se incluísse na Carta Magna o Novo Testamento, mas recusaram. Isso é uma prova não apenas de intolerância, mas de satanismo”.

As mostras de que a ameaça de guerra e de pegar em armas é realmente séria são os diversos acordos que as pessoas de fé e as pessoas de bens do país têm feito, visando pôr em prática essa Cruzada da Fé.

Parte da comunidade evangélica, entretanto, já se mostra disposta a entrar em guerra santa contra a ditadura gay, caso ela não seja revogada, sem esperar seus aliados em armas.

Um desses aliados é parte dos militares, muito bem representado pelo deputado Jairo Bolsanora, diretor da Associação das Milícias Cariocas, Presidente de Honra dos Milicianos Brasileiros e Presidente da Fundação dos Homens de Bem do Brasil.

O outro aliado é a facção Primos e Companheiros da Capital, PeCC, com quem a Igreja da Via láctea Universal do Reinado de Deus há tempos tem acordos de lava-mãos:


Os responsáveis pelo PeCC preferiram não se manifestar; disseram que, como o ex-ministro Paloffi, não tratam de negócios privados em público.


Saiba mais
Como funciona a cartilha cria-gay:
especial para O Hebdomadário
A cartilha é destinada a crianças ainda em fase de formação moral e aptas a acreditar em mentiras.

Prova de que Os protocolos dos sábios de 
Sião foi inspiração para os gays
Ela é claramente inspirados no livro Os protocolos dos sábios de Sião e tem o intuito de implementar uma ditadura gay, uma ditadura mais cruel do que a ditadura comunista. Para tanto, o movimento gay não tem peias em se utilizar de modernas técnicas de publicidade e de indução subliminar, apelando para sentimentalismos e buscando arrebanhar pessoas entre crianças, desamparados e desesperados de toda espécie.


Na cartilha cria-gay, que corresponde a material escrito quanto audio-visual, explicitamente diz que é permitido ter prazer sem sentir culpa e, pior, é permitido ter prazeres cientificamente desprazerosos - porque imorais -, como se fosse possível ter prazer com isso.

Por trás disso, contudo, o que essas mensagens acarretam é que a ativação das células gays do organismo saudável, que passam a crescer ensandecidamente, tomando conta de todo o seu corpo, corrompendo o caráter da criança (e das pessoas fragilizadas), tornando-a uma homossexual quando chegar à puberdade.




Política
Blairo Knorr recusa convite para assumir Ministério dos Transportes

O senador da Motosserra, Blairo Knorr, do PR do Mato Grosso, decidiu sexta-feira, 08 de julho, recusar o convite da presidenta Gilma para assumir o Ministério dos Transportes no lugar do seu colega de partido e de senado Alfredo Macilento (mas com a conta cheia, que é o que importa). Depois de reunir-se com o seu grupo empresarial em Mato Grosso, o senador avaliou que teria "impedimentos legais" para se tornar ministro porque suas empresas têm contratos escusos com o governo federal. Porém, conforme O Hebdomadário apurou, o senador decidiu decididamente recusar o convite ao ter sido afiançado que seu grande projeto, a retomada das Marias-Fumaça movidas a lenha, seria recusado pela presidenta. Conforme essa mesma fonte, ao saber disso, o senador teria dito “é por isso que o Brasil não vai pra frente: estamos perdendo o trem da história”.



Quotidiano
Rio de Janeiro sofre onda de ataques terroristas

O Rio de Janeiro, quando achou que teria um pouco menos de violência com a implementação das Unidades de Polícia Policiadora nas favelas da cidade – as primeiras forças policiais a ocupar os morros nos últimos 15 anos sem seguir o “Índice de produtividade Sadia” –, se vê novamente sitiado, agora pelo ataque de bueiros-bombas.

O governo do Estado já pediu ajuda da Interpol, e a polícia recomenda à população que evite freqüentar locais vulneráveis a ataques do que o governador Sérgio Álvares qualificou de “facínoras desumanos e sem coração”.

Para o especialista em terrorismo e professor da UFQ – Universidade Federal Qualquer –, Roberto Pope, os bueiros-bomba são a quarta geração de terroristas – deixando de lado desse histórico o cyber-terrorismo:

1ª geração: Terrorismo de Estado. Você sabe quem são os terroristas, mas não sabe de onde vem, muito menos aonde vai parar (as chances de parar em uma vala comum são grandes).


2ª geração: É o que a Grande Imprensa mais gosta, dá mais ibope, e serve para os homens de bem babarem na gravata de tanto esbravejarem. Em geral usam turbantes, mas aceita-se no Brasil que usem bermudas e havaianas e morem nas favelas. Você taxa logo um grupo de terrorismo, desconfia de onde vem, e desconfia aonde vai parar.


3ª geração: É o terrorismo de Estado high-tech-pobre, ou de Estado-pobre-high-tech. Tentativa de golpe mal dada, em suma, mas que dá certo muitas vezes. Você sabe quem são os terroristas, sabe de onde vem, e sabe aonde vai parar.


4ª geração (lançamento mundial!): É o terrorismo low-price-underground. Você sabe quem são os terroristas, mas não sabe de onde vem, pois eles estão em toda parte, e sabe que vai acabar no hospital.





Cultura crítica
O Gogó da Glória

o ó da palavra ó da igreja oval fechada num enclave de turquesa de colinas suaves colo-de-moça verde teatro de azuis rouxiclaros onde ela ergue a igreja seu pagode sem porcelana de tejadilhos num branco alvaiade de janelas sangue-de-boi erguida aqui depois que diogo ou antônio ou outro foi acometido por um troço

Haroldo de Campos Galáxias 01 / 03/ 1969.

bula

... alô, alô. atenção queridos ouvintes da rádio. alô...testando, êi, som. alô.... este é apenas um texto de apresentação. queridos ouvintes da nossa...
Senhorita Mônica Levisnky não chegue tão perto do microfone, por favor. alô... um, dois, testando.
O “Gogó da Glória” é patrocinado por “Seu Abílio”, e pelos cigarros “Broxa?”,”Atire a Primeira Pedra”, “Camel” e “Lênin&Mao”. alô, alô... não estou ouvindo direito, é... tira um pouco do reverbe, ok?
Glória Maria virá, a partir da próxima edição, do fundo das catacumbas de Alexandria, da boca dos ataúdes, do Egito Antigo, perfumada e cheia de gaze, direto do túnel do tempo. alô... agora já tá quase bom.
O Gogó da Glória percorrerá as páginas musicais de maior sucesso do Paleolítico até o último show de Lady Gaga. alô, alô... testando, um dois, pronto Seu Benevides... agora tá perfeito.
Breves análises musicais e textuais, contextualização histórica, dados detalhados das melhores gravações, você ouve aqui... alô?... no “Gogó da Glória”. Aguarde e confie.

Legenda:

texto normal = Agenor, o técnico de som, tentando botar ordem na nossa aparelhagem de última geração por tentativa e erro.
As instruções vieram todas em mandarim ( sim, os chineses estão vendendo muito mais barato, meu filho... ) e ninguém entende ching ling nessa p%#$@.

e tortinho desse jeito = voz grossa de locutor másculo e viril, com pelos no nariz e na orelha.


Em cima da hora
Amy Whitehouse é encontrada morta em Londres
com caravanas internacionais
Ainda não se sabe a causa da morte da cantora, e a polícia não quis dar pista alguma, mas a imprensa não cansa de lembrar que ela usava drogas - pois a morte aos 27 anos é privilégio de quem usa droga, quem reza só morre velhinho, ou se morreu antes é porque se drogava ou não rezava direito.
O mundo espera - sem muitas esperanças - que com esse vazio na música apareça alguma coisa que preste para ocupar seu lugar.



Curso de línguas TZN

[francês] Une viande grillé: Um grilo viado.



Nota da redação: Servos de Deus


O Hebdomadário vem por meio desta nota da redação, perguntar ingenuamente aos teólogos-biólogos-filólogos-lingüistas de  plantão, se acaso todo esse embate de religiosos contra gays (e lésbicas!, e lésbicas!, não esqueçamos das lésbicas!, que deveriam vir antes dos gays, para mostrar que não somos machistas, por sinal) não teria um fundo de disputa pelo mesmo nicho ecológico, causado originalmente por um problema de grafia, fruto da nossa educação precária em português, a saber, a confusão entre "servo" e "cervo". Assim sendo, os servos de deus, se sentindo cervos de deus, enciumados dos veados, sejam eles de deus ou de quem mais for, tratam de iniciar uma guerra santa pelo santo pasto que tais ruminantes julgam merecedores - por serem cervos e não veados.


Nota da redação: O Hebdomadário promete

Sim, O Hebdomadário promete. Promete, promete, promete e no fim, por falta de tempo, se torna uma grande promessa, no más. Sem entrevista exclusiva com Bolsonaro, para nossa grande frustração. 
E sem sequer patrocínio.


Esta edição não contou com suporte financeiro de ninguém.


O Hebdomadário. Nº 0003 [versão Beta]. Todos os esquerdos reservados. Na ausência destes o uso é livre (mas ideológico). [Estamos aceitando sugestões e contribuidores. Críticas podem ser feitas ao nosso 0900]. {ohebdomadario@gmail.comwww.deunohebdomadario.blogspot.com
[Expediente deste Febeapá: Uma série de cervos (cervos e não veados!) de Deus: Silas Malafaia, rei do gado da igreja  Assembléia de Deus (a da Marina Moralista-Verde Silva), não-homofóbico que apenas odeia homossexuais e para quem seguir a constituição é anti-constitucional;  Estevam Hernandes e Sônia Hernandes:  Rei e rainha do gado da Igreja Renascer,sonegador, mas amigo do Kaká (outro bonna gente), para quem deve ser proibido defender o que é ilegal (se escravidão fosse legal, ser abolicionista seria absurdo); Marcelo Crivella:, Rei do gado da igreja Universal, braço direito de Deus, quer dizer, do bispo Edir Macedo, que é senador há quase uma década e sequer sabe quantos juízes tem o STF. Se o seu conhecimento de bíblia for do mesmo nível (e parece que é), dá para entender a teologia da prosperidade; Magno Malta, tão ridículo que dispensa comentários; Blairo Maggi, um cara ético, que não assume ministério por incompatibilidade com seus negócios privados - leia-se, pode ser pego; Marina Silva: que só falou alguma coisa , muito pouco, sobre o código florestal aos 45 do segundo tempo, mas sobre as polêmicas com gays ela abriu bastante a boca, desde o início; Manoel Maximiano Junqueira FIlho: nobre excelência do nosso judiciário, que sabe que futebol é lugar de macho, que se gay quiser jogar bola que forme sua federação; e que só não manda prender os gays porque não conseguiu achar uma brecha legal, afinal, se gay quer viver em sociedade, que crie a sua e não empestei a dos homens de bem; Light: porque não é em qualquer país que bueiros viram terroristas da noite para o dia, é preciso todo um contexto social e tal.
Fontes: Folha de São Paulo, 24-6-11.]