quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Campinas vive caos político


Prefeito de Campinas é cassado. Vice-prefeito é afastado e desafastado. Presidente da câmara quase assume. Juiz manda voltar uma casa, outro ameaça voltar duas, há um terceiro que ameaça ele assumir, para acabar logo com essa frescura toda. Procuradoria do município quer cassar esse juiz, acusando-o de incompatibilidade com o cargo.
do emissário local
As eleições municipais estão marcadas para apenas daqui um ano, mas o clima anda quente desde já. E não se trata apenas das disputas nos bastidores, com os arranjos entre Petê – Partido dos Ex-Trabalhadores Enriquecidos – e PMBD (que nós não conseguimos achar um nome simpático para o referido acrônimo, ao menos não para esta edição), os desarranjos do PSBD – Partido dos Socialites Brasileiros Desiludidos (com a qualidade dos brioches?, com a falta de baias para pretos e pobres nos aeroportos (como defendeu um certo sr. presidente de uma certa ONG de Transparência na política numa edição do Jornal da Cultura de janeiro de 2011)?) – e a fundação do PdK, o Partido do Kaxab, mas que poderia muito bem ser chamado de Partido do Kardecismo, tamanho número de almas penadas que assinaram a lista para a fundação do mesmo – ainda que há quem veja nisso uma reação ao PRBê, o Partido da República dos Bispos Evangélicos, que tem como principal base acabar com o atual demi-laicismo da República Bananeira do Brasil, e torná-lo de vez uma república teocrática.

O clima vem esquentando é na justiça, mesmo. Primeiro com a justiça divina que, inconformado com as comemorações báquicas – e não angelicais – do prefeito, quer dizer, ex-prefeito de Teresópolis, RJ, Roberto Ovo, no início deste mês, resolveu destituí-lo do cargo dois dias depois de assumir – pior que junto ele foi destituído do cargo de pessoa. Conforme a equipe d'O Hebdomadário conseguiu apurar de fonte de alta confiabilidade, mas que preferiu não ser identificada, o Senhor se sentiu ultrajado por não ter sido posto no devido lugar nas comemorações – logo Ele, responsável por todo o desarranjo climático-natural que deu origem ao forrobodó político que resultou na posse de Roberto Ovo, morto antes de quebrar a casca e desabrochar num lindo pinto. “Em política é sempre bom saber com quem se está mexendo”, comentou nossa fonte.

Em Campinas, SP, a justiça foi um pouco mais terrena, menos drástica e mais hesitante – pouco faltou para que um dos integrantes da equipe d'O Hebdomadário fosse ungido, por meia hora, prefeito da cidade, a assumir na manhã seguinte.

Tudo começou com a cassação do ex-prefeito dr. Hidrogênio de Oliveira, o Santo. Com três processo de cassação abertos, no que ele chamou de processo de caçação, em uma sessão da câmara de vereadores que durou 44 horas, ele foi cassado por não saber o que fazia sua mulher. Conforme o vereador Biléo Soterras (PSBD), que em bom português admitiu: “é inadmissível que sejamos governados por um corno!”. A base da acusação que cassou o ex-prefeito foi a declaração do dr. Hidrogênio, em que ele dizia não saber que sua mulher Roseli Assim, a Santa, estava envolvida com gente de má fama. Ele mesmo chegou a declarar, em uma entrevista que depois ele declarou ter sido infeliz, se sentir “um corno político”, tanto por conta das acusações que pairavam contra seu alto secretariado, como pelas atividades de sua mulher. Com isso, a alegação da defesa, de que ele não havia cometido aqueles atos ilícitos a ele imputado em um dos processos acabou perdendo a eficácia.

A seção de cassação foi acompanhada por cerca de 500 pessoas fixas do lado de fora, mais uma população itinerante, que chegou a totalizar 2000 almas democráticas. Das 500 fixas, boa parte era de integrantes dos partidos vermelhos, como PSTI - Partido dos Super-Trabalhadores Indignados - e o P-Lua, que seguravam seus tradicionais cartazes, inspirados nos panelazos argentinos: “que se vão todos, e que fiquem os cargos todos para nós”.

O placar da votação foi de 32 a 1, e surpreendeu a muitos. Apenas o comunista Sérgio Bonança foi um dos 23 vereadores da ex-base do prefeito coerente com os últimos sete anos. Ele deu dois motivos para sua posição: “não penso em disputar nada eleição que vem, e o dr. Hidrogênio me deve uma grana”. Os demais, mais vivos – ou mais ratos, a se escolher –, pularam fora do Titanic, quando viram que o buffet havia acabado. Ao fim da seção, tida por histórica, como prova de amor pela cidade, os habitantes cantaram o hino nacional (apesar de haver um hino do município, o que, dizia a etiqueta do contexto, seria mais apropriado). Houve alguns manifestantes que tentaram dar uma cor mais local à comemoração, entoando os hinos da Macaca e do Bugre – os únicos hinos locais conhecidos –, mas isso resultou em um início de briga de torcidas, e a polícia rapidamente interveio, sem necessidade de nenhuma ação mais brusca – afinal, tudo ali era festa, menos para a torcida do Bugre e para o dr. Hidrogênio, corno assumido e destituído.

Vice quase assume e é afastado e é desafastado e assume, finalmente
Mal foi cassado o então prefeito dr. Hidrogênio, seu vice, Demétrio Viagra (Petê) foi afastado imediatamente, antes de assumir, pela mesma comissão processante, por estar envolvido nas mesmas acusações que o ex-prefeito e sua mulher. Inclusive - menina, deixa eu te contar! -, paira na cidade, é o assunto mais comentado nos locais públicos e janelas da vizinhança, a suspeita de que fora ele quem havia posto os chifres (políticos, que fique claro, porque Campinas é uma cidade civilizada) no dr. Hidrogênio – prova disso seria o pedido de prisão de ambos, Roseli e Viagra, ter sido o mesmo.
Uma vez afastado, Pedro Querubim, presidente da câmara, assumiu a prefeitura. Ou melhor, fez seu discurso como prefeito, porque a posse seria na manhã seguinte. No discurso ele anunciou o novo secretariado, pautado por critérios técnicos: “é como futebol, eu sou o professor, eu sou o técnico, eu digo quem entra quem sai, e no meu governo não vão ter esses ladrões do governo anterior”. Contudo, uma hora depois ele foi destituído do cargo ainda não assumido: uma decisão judicial acolheu o argumento do petista, de que ele não pode ser expropriado do cargo por aquilo que roubou quando não era prefeito: “não é justo! É justo eu ser destituído da vice-prefeitura pelo que eu roubei como vice-prefeito. Como prefeito eu só posso perder o cargo pelo que eu roubei como prefeito”, comentou depois de saber da decisão do juiz. Pouco depois, o ex-quase-futuro-prefeito entrou novamente na justiça, pedindo para ser novamente readmito ao cargo, ao que teve decisão negada. Porém, não obstante, sob o argumento de que “diante de toda instabilidade jurídica que este imbróglio político está criando para a Princesa do Oeste, afastando investimentos e prejudicando o bem estar da população”, o presidente da 9ª vara cível da cidade admitiu que "não vejo outra opção não me sacrificar e assumir a prefeitura da cidade. Pelo bem de todos”. Antes que ele fizesse seu discurso como novo prefeito, Viagra recorreu novamente e ganhou, assumindo, finalmente, na manhã seguinte. No seu discurso de posse, disse não ter tido relações carnais com Roseli nem conhecer dr. Hidrogênio pessoalmente, e prometeu pôr Campinas para cima.

Ex-prefeito recorre contra cassação
Como boa novela de segunda, há um novo capítulo, com promessas de reviravoltas mirabolantes. Um vídeo apresentado pela defesa do prefeito cassado (o primeiro), dr. Hidrogênio de Oliveira, o Santo, mostraria uma suposta armação entre os vereadores da cidade para votar contra o prefeito, coagindo na surdina colegas a votar politicamente.

No vídeo três vereadores da base aparecem conversando em um canto da câmara municipal. Um deles diz: “pois é, acho que o negócio é votar contra”, ao que o segundo responde, “concordo, melhor pular fora do barco”.

Em um primeiro momento a liminar foi negada, mas o juiz responsável irá analisar o mérito do recurso. Especialistas ouvidos pel'O Hebdomadário acreditam que reviravoltas ainda são possíveis, e não descartam o Xitãozinho e Chororó ou até mesmo o prefeito de Paulínia assumir a cidade por apelo popular.



Internacional
Gaddafi anuncia retorno para breve
da redação
O ex-presidente e agora também ex-ditador da Líbia, Muammar al-Gaddafi, através de sua secretária, enfermeira e assessora de imprensa, a dublê de atriz pornô Silvine Saint, informou à redação d'O Hebdomadário que planeja um retorno triunfal para breve.

Conforme Silvine, Gaddafi já tem contrato firmado com Bosio e Alberti e para breve devem anunciar a turnê de retorno da Soda Stereo, lendária banda de rock argentina - autora das melhores músicas dos Paralamas do Sucesso -, em substituição a Gustavo Cerati, há mais de um ano figurando no mundo graças a aparelhos.

Não é a primeira investida de Gaddafi pelo rock argentino. Em 1968, um anos antes de assumir o poder da Líbia, Gaddafi tentou lançar uma banda, a Gaddafi Rey y sus Redonditos de F'Taat. Sem muito sucesso, voltou ao seu país de origem para assumir o poder, menos de seis meses depois do regresso. Em 2005 voltou novamente à bacia cisplatina, agora para interpretar Ricardo Mollo, ex-Sumo e atual Divididos, em um longa metragem sobre o rock argentino dos anos 80 e 90.

Fãs da Soda Stereo protestaram contra a entrada de Gaddafi na banda. Segundo líder do fã-clube oficial: "Cerati no és muerto".
Em sentido horário: Charly García (Sui Generis), Pato (o da esquerda, Banda de Turistas), Ricardo Mollo
(Sumo, Divididos), Muammar al-Gaddafi (Gaddafi y su Redonditos de F'Taat), quatro gerações do rock argentino.




HedboLeaks
Exclusivo: O Hebdomadário descobre porque Collorido insiste tanto no sigilo eterno dos documentos da presidência
da redação
Documentos tropo segreti da presidência surrupiados pelo setor de informação d'O Hebdomadário, O HebdoLeaks, revelam intimidades bombásticas acerca da vida íntima da Casa da Dandi, para além do que havia de branco nas suas animadas festas e rentáveis movimentações. Em dossiê contendo fotos tiradas após uma derrota de Collorido no judô em que ele ficou gravemente contundido nas partes nobres, é claramente perceptível que o ex-residente e atual senador não possui o saco roxo, como outrora havia dito, e sim verde. Disso, conseqüentemente, se descobre que o nobre senador é daltônico severo.

“Essa revelação muda muito a história do Brasil”, comenta o especialista em história do Brasil da Univerdade Federal Qualquer (UFQ), Emir Saber: “ao pedir para que a população usasse verde e amarelo, na verdade ele tinha em mente que o povo usasse azul e vermelho, numa alusão ao Haiti [primeiro país a abolir a escravidão e país mais pobre do continente]. O que isso quer dizer? Na verdade ele estava chamando o povo mais pobre às ruas, para uma revolução sem precedentes na história do Brasil – quiçá mundial. O que ocorreu, contudo, foi um contragolpe da Rede Blogo, que incentivou os jovens da classe média a usarem preto, ocupando as ruas, deixando novamente marginalizados os pobres – então não afetados pelo confisco da poupança ou qualquer medida macroeconômica do governo Collorido. Depois do medo do sapo barbudo transformar o Brasil numa Cuba, a elite temeu que Collorido transformasse o Brasil, já em projeto de Brazil, em um novo Haiti.”

Collorido foi procurado pela equipe d'O Hebdomadário, mas não quis se manifestar. O projeto pelo sigilo eterno segue em tramitação no senado, junto com um novo projeto, que promete prisão perpétua para quem descobrir informações confidenciais acerca de ex-presidentes que estavam em servidores mal-protegidos do governo (ou de qualquer empresa de segurança virtual).

Saiba mais
Doença é rara e causada por micro-organismos
Para o doutor em saúde oftalmológica degenerescente de quinto grau em povos autóctones de regiões semi-áridas do pacífico sul a leste das ilhas de Tonga, professor da Universidade do Estado Importante (UDEI), a doença de Collorido, de ter o saco verde, é uma anomalia rara: “é uma espécie rara de vegetaltíase, versão vegetal da elefantíase, é de origem microbiológica, e não traumática – ainda que, claro, seja extremamente traumática a alguém ter “aquilo” verde".







Cardeno Menas
A Torre de Bebel
lied
por O Ornitorrinco*
especial para O Hebdomadário




Bebel prende e arrebenta.
Fiódor Dostoiévski. Os Irmãos Karamázov, 1879.





Berlim, 1933.
No Zoologischer Garten
um chimpanzé
do Congo Belga
rifado numa feira
enfia o dedo no brioco
e cheira enquanto Adolph
Hitler toca o terror
no Reichstag.

Na Nova Zelândia
o canguru perneta
chupa o dedo na bolseta
e os urubus?
preferem fazer um ninho
bem quentinho
no olho do cu.


Bebel, do alto de suas tranças,
ajeita o bustiê, aperta
o espartilho e capricha no laquê.


Pra que serve
o esôfago das girafas?
é pra provar
que Lamarck estava certo,
pra mastigar alfafa
ou pra dar uma
de Marylin Manson?

Brontossauros
e mamutes nos seus poços
de piche vivem,
hoje, numa farra só
de Viagra guaraná catuaba
amendoim ostra e pó.

O urso do Cana-dá,
o califa de Bag-dá,
os reis do Su-dão
e o clã dos Tokugawa,
Bebel? furava
de um tudo no Japão
desde o tempo da vovó.


Bebel, do alto de sua torre,
borrifa perfume,
faz chapinha nas madeixas,

espirra numa nuvem de pó de arroz
e depila a axila
passando batom na boca e na bochecha.


Fulgêncio Batista
em Havana, os atletas russos
trucidados por Stálin,
a Senhorita Perón
fraquejando na sacada,
os restos mortais
de Getúlio Vargas
em São Borja, Júlio César
depois da facada
e os turistas chineses soterrados
no último terremoto
gastam tubos de vaselina.

Napoleão
trepou mais que chuchu
num cercadinho póstumo
e o cadáver etíope
de Vera Verão
ainda provoca protestos
entre os cristãos
das primeiras catacumbas.


Bebel, do alto de seus peitos fartos,
calça um sapato de salto,
estica a cinta-liga e passa talco na porta do fiofó.


Senadores romanos,
Maria Antonieta,
aquela que se amarrava
num negão
chamado Brioche,
Doutor Hélio, Dona Rosana,
Antônio e Cleópatra
renderam-se
às velhas corjas políticas,
viraram o inferno
do avesso,
e ainda posaram pra foto.


– O tempora o mores!


Puritanos no Parlamento
inglês, o recruta
de cabeça raspada
que funga atrás
do sargento e a gorducha
que atrasa o aluguel
todo mês gemem mais fino
do que a Xuxa,
mas os padres do Vaticano
papam mais anjos
do que Maria
das Graças Meneghel.


Bebel, do alto de seu conto de fadas,
toma gim, fuma charuto, canta e fode. 


Os anões e os passarinhos
da Branca de Neve,
as abelhas
e até os viadinhos do Restart
ou do Back Street
Boys estapeiam a bunda
de lacraias e mocréias.

Borboletas e lambretas,
mexilhões bacalhaus e moreias,
besouros, o David
de Michelangelo,
as mariposa quando chega
o frio, o Arnesto e a praga
de gafanhotos no Egito, magina?


Bebel, Bebel, Bebel, tira o Ford da garagem. Adão e Eva,
apesar do vexame, esconderam no fundo
da mala uma marmita cheia de fruto proibido

Bebel, Bebel, Bebel, camarões em cativeiro?
o Cupido de gesso?
os pinguins de geladeira? as minhocas de jardim?
as baratas do banheiro? Ninguém tá à toa, Bebel.


Berlim, 1989.
No Berliner Mauer
uma picareta abre
um buraco no reboco,
o Congo Belga
já virou uma bagunça
e Mobutu, que não admitia
a dedada de maneira alguma,
foi pro sugestivo
cemitério de Rabat
vencido pelo câncer de próstata.

* O Ornitorrinco. Gênero de monotremos de corpo alongado e cujo focinho se assemelha a um bico de pato. É o pseudônimo secreto de Lineta Waldegi Mendes Nogueira, professora universitária, filha ilegítima de Guilherme de Almeida Filho com Olga Benário Prestes, cuidada pela co-cunhada do Olavo Setúbal, e membra 39 da Academia Campineira de Letras, Artes e Chás. Já foi livro de sociólogo ressentido de esquerda.




Nota da redação: Caderno Menas, mais uma opçã
Esta edição d'O Hebdomadário tem o prazer de oferecer ao seu público mais uma opção para seu final de semana, tão combalido de opções: o caderno Menas, dedicado à literatura, poesia, culinária, viagem, análises, gráficos, fotografias, artes, inéditos desconhecidos, desconhecidos de sucesso, e tudo o mais que os grandes jornais de respeito usam para dar volume às suas edições de domingo, sem ter que procurar algum conteúdo que preste - com a diferença que nós fazer questão de que o Menas tenha sempre conteúdo um pouco acima da média do mercado, o que não dizer muita coisa, é certo (ou é vero, como diria um redator chefe de qualquer caderno de final de semana de respeito).



esta edição com o suporte financeiro sem vergonha e sem qualidade de...


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O Hebdomadário. Nº 0004 [versão do Beto]. Todos os esquerdos reservados. Na ausência destes o uso é livre (mas ideológico). [Estamos aceitando sugestões e contribuidores. Críticas podem ser feitas ao nosso 0900]. {ohebdomadario@gmail.comwww.deunohebdomadario.blogspot.com